É preciso no Brasil um ‘acordo de cavalheiros’ entre vendedores e clientes para evitar perdas de nutrientes e manter a qualidade dos hortifrútis por mais tempo. Conhecido em países desenvolvidos, o famoso ‘Pegou, comprou’ deveria ser incorporado à rotina dos brasileiros que vão às feiras, supermercados e sacolões. Apertar, quebrar a pontinha, virar um pé de verdura para todos os lados são algumas das práticas comuns na hora de comprar os hortifrútis e que afetam a qualidade dos alimentos.
Ao fazer isso, o consumidor acredita que está escolhendo o melhor para si ou para a família. Mas, esquece que o cliente que veio antes fez a mesma coisa e pode ter sobrado para ele o produto muito manuseado. Aprender a escolher esses alimentos nas prateleiras dos supermercados, sacolões ou nas bancas das feiras é um dos desafios que o país terá que enfrentar para evitar desperdícios e perdas, alerta a pesquisadora da Embrapa Hortaliças, Milza Moreira Lana.
“Precisamos de uma mudança de comportamento. Uma das causas de muita perda é a maneira como compramos hortaliças; compramos apertando, batendo, mexendo muito e isso é um dos maiores problemas que temos no país. É possível saber se está bom sem ter de fazer isso, aquele produto que foi amassado, virado na banca vai durar menos na casa do consumidor. Precisamos aprender a comprar com o olho”, afirma Milza. E acrescenta: “Precisamos de um acordo de cavalheiros, no qual o comerciante organiza a banca e só coloca produto bom e o consumidor escolhe sem mexer em tudo. Tem países que não deixam o consumidor pegar, é o comerciante que separa, mas separa o bom, tamanho é o impacto que tem na qualidade do produto.”
Para a pesquisadora, falta conhecimento do comprador ao não perceber que a ação tem impacto negativo sobre os produtos, e muito vendedor coloca o produto misturado na gôndola ou nas bancas.
Ao comprar pêssego, por exemplo, você mexe em todos, vira, joga para o lado, enfia a mão para pegar os que estão no fundo? Você pode estar reduzindo a qualidade do que compra, sem se dar conta. Algumas frutas são extremamente sensíveis e não podem ser tão maltratadas. É o caso do pêssego e da nectarina, cuja casca é revestida por pelinhos que ajudam a fruta a não perder água. “Quando manuseamos muito os produtos é como se a gente ralasse a nossa pele, onde eu ralo tenho mais chance de contaminação”, esclarece a especialista. Se machucados frutas, verduras e legumes podem se contaminar, e trazer doença para quem come, e também fazer o alimento apodrecer mais rápido.
Tomando como base material da Embrapa, o MeuCardápio reúne dicas para escolher cinco hortifruti sem maltratar. Seja um consumidor legal.
ALFACE: Seja qual for a variedade, as folhas devem ser brilhantes, firmes, sem áreas escuras. Ao escolher evite amassar ou quebrar as folhas, selecionando o pé com cuidado, pelo seu aspecto. Em respeito aos outros consumidores, evite pegar em todas as unidades expostas na banca. Se comercializada já picada e embalada, é fundamental que esteja exposta em gôndolas refrigeradas para garantir a adequada conservação. Evite comprá-la quando as folhas estiverem murchas, amarelecidas, com pontos escuros e melados, principalmente nas bordas.
TOMATE: A cor, a firmeza e a sanidade são as características mais importantes na hora da compra. Quando totalmente vermelhos servem para consumo imediato ou para molho. Evite comprar os frutos totalmente verdes (podem não amadurecer), com furos, com manchas ou ferimentos. Ao escolher os frutos evite apertar ou jogar na banca para não estragá-los.
BATATA: Compre somente a quantidade necessária para o consumo de uma a duas semanas, de modo a ter sempre produto fresco em casa. A maioria dos consumidores prefere batatas de casca lisa, sem defeitos e de ótimo aspecto externo. Entretanto, pequenos defeitos na casca não comprometem a qualidade da polpa e o valor nutritivo da batata, sendo eliminados quando a batata é descascada. Evite comprar tubérculos brotados porque estes têm menor durabilidade e menor qualidade nutritiva.
CEBOLA: Apresenta formatos variados, podendo ser redonda, achatada ou em forma de pera. Quanto à cor, os bulbos são amarelos, brancos ou roxos. Escolha os bulbos com cuidado, sem apertá-los ou jogá-los na banca de exposição. Prefira os firmes, com casca seca e pescoço seco e cicatrizado. Entre bulbos de mesmo tamanho escolha os mais pesados. Evite as cebolas brotados, com feridas, áreas amolecidas e mofo.
MORANGO: Escolha frutos completamente maduros, mas firmes, com cor vermelha uniforme e brilhante. Quando colhidos ainda verdes, os morangos não desenvolvem todo o sabor e o aroma característicos. As sépalas (a parte verde perto do cabinho que se assemelha à folha) devem estar verdes e com aparência de produto fresco. Os frutos menores geralmente têm sabor e aroma mais intenso do que os frutos graúdos. O morango é muito perecível e os danos mecânicos, feridas e batidas durante o manuseio deixam a fruta mais sensível à podridão, murchamento e perda nutricional. Escolha os frutos com cuidado em respeito aos demais consumidores e transporte-os para casa separadamente das demais hortaliças e não os deixe exposto ao sol.