Produtores brasileiros de nozes e castanhas estão se mobilizando para definir ações que permitam aumentar produção, consumo interno e exportação. O maior desafio é atrair mais agricultores para essas culturas que levam pelo menos quatro anos para chegar ao ponto de colheita, explica o diretor do departamento de Agronegócios da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Eduardo Mendes de Camargo.
O grupo trabalha junto com a Embrapa e institutos de pesquisas da USP e da Unicamp para desenvolver variedades, mostrar o potencial de negócios desses produtos e identificar o valor nutricional de cada um deles, que se complementa, informa Camargo. Participam também das discussões empresas de alimentação e cosméticos, e representantes do varejo.
Camargo afirma que, com a proibição da queima da cana de açúcar, 360 mil hectares ficarão disponíveis e a expectativa é de conquistar esses agricultores.
“É uma competição difícil porque outras culturas, como o café, levam dois anos para a colheita, mas a pecã e a macadâmia, por exemplo, levam de quatro a cinco anos e se consolidam com dez anos”, informa. A partir daí, entretanto, torna-se uma cultura imbatível com lucro entre três e quatro vezes maior do que o de outros produtos como o feijão e a soja, ressalta Camargo.
Um caminho é a formação de consórcios com outras culturas, para que essas colheitas mais rápidas ajudem a financiar as de nozes e castanhas, e a criação de linha de financiamento específica.
EXPORTAÇÃO
Camargo conta que o Brasil chegou a exportar US$ 300 milhões apenas em castanha de caju e hoje não atinge um terço desse valor. Um dos principais motivos para essa queda foi a seca no Ceará, a ponto de algumas empresas fecharem as portas ou passarem a importar. Mas diz que o potencial de mercado é expressivo.
Como exemplo cita o Chile que em dez anos aumentou em 15 vezes a venda externa, que ficou em US$ 300 milhões no ano passado. No Brasil, informou, as exportações ficam em torno de US$ 150 milhões. Os principais mercados são Estados Unidos, Europa, China, Japão, Oriente Médio.