
O mercado de sorvetes à base vegetal, também chamados de sorvetes plant-based, ganhou impulso no Brasil pelo avanço das foodtechs, pelas mudanças de hábito alimentar dos consumidores e pela demanda crescente por produtos sem lactose. Antes nichado, o segmento passou a atrair mais marcas, muitas emerfentes, e consumidores fora do público vegano, que buscam alternativas mais saudáveis, sustentáveis ou livres de ingredientes de origem animal.
Globalmente, o mercado de sorvetes plant-based pode movimentar US$4,28 bilhões em 2025, conforme dados da consultoria The Business Research Company. No Brasil, embora ainda não haja um número oficial consolidado para o segmento de sorvetes, dados recentes indicam avanço no mercado de alimentos e bebidas plant-based como um todo.
Marcas brasileiras aproveitam esse momento para lançar produtos com formulações inéditas, embalagens mais sustentáveis e posicionamento voltado para o consumidor flexitariano — aquele que reduz, mas não elimina, o consumo de produtos de origem animal.
EMPRESAS INOVADORAS
Entre os nomes que lideram essa transformação estão empresas como Roomys, Yamo, My Good e NotCo. Além da inovação, as marcas investem desenvolver produtos saborosos e não apenas saudáveis.
De Blumenau (SC), a Roomys desenvolve receitas à base de aveia, castanha de caju e coco, sem lactose, glúten ou conservantes.
Já a mineira Yamo aposta na ‘inhamina’, um leite vegetal desenvolvido a partir do inhame. Com produção local em Uberlândia, os produtos são vendidos em potes de 150 ml e 455 ml. A venda fica restrita a pontos físicos de Minas Gerais e via e-commerce para algumas cidades de São Paulo.
No Rio de Janeiro, a startup My Good foca em picolés orgânicos certificados, com sabores como coco, café com cacau e frutas tropicais. A marca prepara para o segundo semestre de 2025 o lançamento de sua primeira linha de sorvetes de massa, voltada para o varejo especializado.
Com atuação internacional, a NotCo comercializa no mercado brasileiro sorvetes com sabores como cocada cremosa, caramelo salgado e café com cacau, todos feitos com proteína de ervilha. São vendidos em redes varejistas de São Paulo.
DESAFIO NA DISTRIBUIÇÃO
Apesar do avanço no consumo, a distribuição dos sorvetes plant-based ainda está longe de ser nacional. A presença desses produtos no varejo está concentrada principalmente nas capitais e regiões metropolitanas do sudeste e do sul.
Fora desses eixos, a oferta é limitada e, muitas vezes, restrita a lojas de produtos naturais ou feiras especializadas. O e-commerce enfrenta desafios importantes. Por se tratar de um produto congelado, o transporte exige cadeia refrigerada eficiente. Essa necessidade encarece o frete e dificulta a entrega para regiões mais afastadas, especialmente em pedidos pequenos.
PERFIL DIVERSIFICADO
O perfil dos consumidores de sorvetes plant-base foi mudando. Embora veganos e vegetarianos ainda façam parte do público-alvo, tem crescido a fatia dos consumidores formada por pessoas com intolerância à lactose, alérgicos a proteínas do leite, pais preocupados com a alimentação infantil, praticantes de atividades físicas e, principalmente, os flexitarianos.
Levantamento recente da Euromonitor mostra que menos de 10% dos consumidores de produtos plant-based se identificam como veganos.