Está previsto para o segundo semestre deste ano o lançamento de um livro de receitas utilizando espécies nativas da biodiversidade brasileira ainda pouco conhecidas ou aproveitadas no país. Para tanto, universidades estão pesquisando valores nutricionais e desenvolvendo diferentes pratos. Em São Paulo, por exemplo, a tarefa ficou a cargo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que vão desenvolver pratos com araçá, cambuci, grumixama, jenipapo, major gomes, mangaba, mangarito, pequi e taioba.
A iniciativa faz parte do projeto Biodiversity for Food and Nutrition (BFN) lançado oficialmente durante o Congresso Mundial de Nutrição/Rio 2012, coordenado internacionalmente pelo Bioversity International, e implementado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Um dos objetivos é ampliar o número de espécies nativas utilizadas na alimentação.
“O Brasil configura-se como o principal país dentre os considerados de megabiodiversidade, com a detenção de 15 a 20% das espécies do planeta. Esse patrimônio de recursos fitogenéticos representa um dos principais ativos brasileiros e pode desempenhar papel estratégico na solidificação do desenvolvimento nacional e promoção da melhora da qualidade de vida de toda a sua população”, afirma a professora do curso de Nutrição e Tecnologia em Gastronomia do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) – Mackenzie, Andrea Carvalheiro Guerra Matias, representante da universidade no projeto.
Segundo a docente, participam da iniciativa o Brasil, o Quênia, o Sri Lanka e a Turquia em torno do projeto Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade para Melhoria da Nutrição e do Bem-Estar Humano, também conhecido como ‘Biodiversity for Food and Nutrition’. “O objetivo fundamental do projeto BFN refere-se a conservação e promoção do uso sustentável da biodiversidade em programas que contribuam para melhorar a segurança alimentar e a nutrição humana”, explica a professora.
A escolha das espécies nativas faz parte do programa Plantas para o Futuro, do Ministério do Meio Ambiente, que identificou mais de 500 espécies com potencial econômico e nutricional. “Visto que não são espécies inseridas na cadeia produtiva, questões relacionadas aos períodos de frutificação e identificação de potenciais fornecedores são os principais desafios do projeto”, observa Andrea.
Tanto a finalização das atividades previstas pela UPM no livro, bem como seu lançamento estão planejados para o segundo semestre de 2017. A UPM contribui com 42 preparações de um total ainda não disponibilizado pela coordenação nacional do livro. Em princípio, a publicação contemplará mais de 250 preparações, informa Andrea.