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Supermercados adotam medidas para minimizar efeitos da paralisação dos caminhoneiros que completa cinco dias nesta sexta-feira
Oferta e preços de frutas, legumes e verduras estão sofrendo forte variação em decorrência da greve iniciada pelos caminhoneiros na segunda-feira, 21 de maio. Alguns produtos começam a faltar e os preços mostram altas variadas. Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o preço da batata lavada classificada como de melhor qualidade foi um dos que mais variou, subiu 94% entre os dias 16 e 23, com o quilo passando de R$ 2,20 para R$ 4,29. A couve manteiga teve alta de 49%, as abobrinhas subiram 40% e o abacaxi e a manga palmer ficaram 22% mais caros, o alho teve reajuste de 12%, informou o analista da central de abastecimento, Ubaldo Cardinali. E vários boxes permaneceram fechados ontem (24 de maio) por falta de produtos, de tal forma que nem foi possível fazer o levantamento de preços, disse Cardinali. Essa cotação semanal ficará interrompida até a normalização da oferta.
Embora governo e algumas entidades tenham fechado ontem um acordo que prevê trégua de 15 dias nas paralisações, caminhoneiros continuaram de braços cruzados nesta manhã de sexta-feira, o quinto dia de greve, agravando o desabastecimento. O analista da Ceagesp esclareceu que, terminada a greve, a oferta de produtos vindos das regiões mais próximas deve se normalizar em um a dois dias, mas frutas como manga e mamão, que vem da Bahia e do Espírito Santo levarão mais tempo para ter a oferta regularizada, podendo variar de três a quatro dias.
A maioria dos produtos que estão na estrada deve ser perdida, até por estar no sol, diz Cardinali.
ESTOQUES IRREGULARES
Se houve alta nos preços, também houve baixas de alguns produtos que já tinham o custo elevado. O levantamento da Ceagesp para o período entre 16 e 23 de maio mostrou que o preço do limão taiti baixou 20%, o espinafre, o almeirão e o repolho roxo tiveram redução de 13%. Os preços da abóbora japonesa e do tomate caqui caíram 9% (veja a tabela abaixo). São produtos que estavam estocados, perecíveis e que precisam ser comercializados. Outro aspecto é que tem menos gente para comprar.
Em comunicado emitido no final da tarde de ontem, a Ceagesp informou que a maioria dos atacadistas do Entreposto Terminal São Paulo, a maior central de abastecimento da América Latina que recebe produtos de cerca de 1,5 mil municípios, não recebeu produtos nessa quinta-feira. A produção vinda do interior do estado de São Paulo, antes menos comprometida, chegou em pequenas quantidades, como as citrícolas, verduras e boa parte dos legumes. Os produtos que permitem estocagem, como maçã, pera e abóboras têm estoque para comercialização. Mas alguns produtos provenientes de outros estados estão faltando como o mamão formosa, o melão e o maracujá. A oferta de verduras e hortaliças caiu mais de 50%, elevando alguns preços.
SITUAÇÃO PREJUDICA OFERTA AO CONSUMIDOR
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também informou que a paralisação dos caminhoneiros já provoca desabastecimentos nas lojas, em especial de frutas, legumes e verduras. Da mesma forma, as entregas de carnes e produtos industrializados que levam proteínas no processo de fabricação já estão comprometidas pelos atrasos.
As redes de supermercado adotam medidas preventivas para minimizar as dificuldades que os clientes possam enfrentar. O Carrefour, por exemplo, limitou temporariamente a cinco unidades a quantidade que pode ser comprada de cada item nas lojas da rede. Em comunicado, a rede informou que o abastecimento segue sem muitos problemas em suas lojas em função dos volumes de estoques e que busca alternativas para atender o maior número de clientes e que já está em contato com fornecedores locais para continuar garantindo o abastecimento.
CENÁRIO FORA DE SÃO PAULO
Nas Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ) o preço da batata foi o que registrou a maior alta até agora. O saco de 50 quilos da batata inglesa lisa comum, que custava R$ 64 na semana passada, atingiu R$ 320 esta semana. A alface extra (6 quilos) passou da média de R$ 13,8 para uma média de R$ 80. A couve-flor (16 quilos) que custava em média R$ 29 estava ontem em R$ 80. E o tomate (22 quilos) passou de R$ 45 para R$ 120. Ontem entraram 50 caminhões no Ceasa-RJ, 47 vindos do Rio de Janeiro e três de Minas Gerais, na quinta-feira da semana passada eram 300 caminhões.
A Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE) informou que goiaba, uva, maçã, maracujá, batata inglesa, beterraba, cebola, cenoura, tomate, pimentão e repolho estão chegando em menor quantidade no mercado, o que tem elevado os preços. Entre os itens com maiores reajustes a batata inglesa também é destaque com alta de 221,43% nos preços, comercializada a R$ 2,80 o quilo no início desta semana, chegou a R$ 9 o quilo na quinta-feira. O preço da uva teve aumento de 77,78%, passando de R$ 4,50 para R$ 8 o quilo. A cenoura passou de R$ 2,50 para R$ 4,00 o quilo, uma alta de 60%.
A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) também informa a piora no abastecimento. De acordo com a entidade, considerando números de apenas três (das 106 associadas) têm 363 caminhões com alimentos perecíveis parados nas estradas de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Embora não haja um levantamento completo, uma das empresas associadas informa que 1,1 mil toneladas de produtos deixaram de ser entregues e os atrasos devem significar prejuízo em torno de R$ 3 milhões. Há perda de leite, de toneladas de pão fresco e paralisação de fábricas pela falta de condições de estocar produtos e pelo desabastecimento de matéria-prima.