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Preço mais elevado e falta de locais próximos para compra inibem crescimento, mostra a primeira pesquisa do Organis.
A primeira pesquisa nacional em torno do consumo de alimentos orgânicos mostra que, em média, 15% da população urbana consumiu algum alimento orgânico no último mês. A maioria disse que gostaria de consumir mais produtos orgânicos, mas o preço (62%) e a falta de locais próximos para compra (32%) são os principais fatores inibidores, registra a pesquisa encomendada pelo Organis (Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável).
Entre março e abril, o instituto de pesquisa de opinião pública Market Analysis ouviu 905 adultos, de 18 a 69 anos, de nove capitais brasileiras, metade deles considerados classe C em termos de renda familiar. “Essa iniciativa visou conhecer mais esse mercado que cresce 25% ao ano no Brasil”, explica Ming Liu, diretor do Organis, entidade que reúne 54 empresas, que juntas faturaram R$ 2,5 bilhões em 2016, com expectativa de repetir a taxa de expansão de 25% também em 2017.
Na avaliação dele, todos os dados apurados são importantes porque “pouco conhecemos dos hábitos desse consumidor”. A intenção é realizar a pesquisa anualmente, de modo a aprofundar a análise. Essa primeira edição já revelou que o consumo varia muito entre as regiões. Os consumidores do sul são os que mais compram, representando 34%. “A região é um importante centro de produção, apresenta oferta maior, com distribuição por feiras e supermercados”, analisa Liu.
O sudeste tem a menor incidência de consumo de orgânicos, correspondendo a 10% da população – menos que o nordeste (15%) e o centro-oeste (21%).
O varejo convencional é o principal canal de compra dos consumidores desse universo. Do total, 64% compram em supermercados, outros 26% em feiras, e os demais vão a lojas especializadas em produtos naturais, direto do produtor ou participam de grupos de compra coletiva.
O diretor do Organis conta que a previsão seria que custo fosse a principal barreira apontada para aquisição de orgânicos; e foi. Contudo, muitos apontaram que gostariam de consumir mais orgânicos ou começar a consumir, e não fazem, porque não têm onde comprar. A distribuição de produtos orgânicos pelo país ainda é restrita e mostra uma oportunidade para as empresas, diz Liu.
De acordo com o Organis, existem cerca de 600 feiras de orgânicos mapeadas no país.
Na parte de hortifruti, o produto orgânico mais consumido é o alface, seguido pelo tomate, garantindo a salada orgânica diária. De modo geral, as verduras lideram as compras (63%), depois aparecem os legumes e frutas, com 25% cada um, e cereais (12%).
Nos processados, 84% dos entrevistados não souberam citar uma marca de produtos orgânicos. Dos 16% que citaram, a pesquisa demonstra grande pulverização, sem nenhum destaque. A marca mais citada foi a Korin, com apenas 3% das indicações.
Saúde é a principal motivação para consumir orgânicos, disseram seis de cada dez entrevistados. Outros 18% optaram pelos orgânicos como forma de proteger o meio ambiente. Também foram citadas características dos produtos, como sabor e durabilidade, e outros apenas por curiosidade.
O Organis incluiu questionamentos para entender a percepção do consumidor ao Selo de Produto Orgânico. Apenas 8% dos entrevistados disseram ter ficado sabendo que o item era orgânico pelo selo estampado. A maioria (37%) verificou as informações contidas na embalagem.
O selo de certificação de origem é obrigatório. Para Liu, o baixo reconhecimento por parte do consumidor apontado pela pesquisa deverá ajudar as empresas a perceberem que só a embalagem com selo não adianta para atrair o consumidor. “Tem que investir também em comunicação para esclarecer o consumidor”, afirma.
Confira o perfil de cada região, observando as legendas:
CO: consumo de orgânicos pela população
AD: alimento de destaque da região em termos de orgânicos
PC: ponto de compra de orgânicos principal
MD: motivação de destaque na região para o consumo de orgânicos
IO: interesse no consumo de orgânicos por parte de não-consumidores
Arte: MeuCardápio (V.Wolke)